Como os animais se comunicam? Eles têm sua própria linguagem? Essas questões intrigam os cientistas há muito tempo. Agora, a ascensão da tecnologia de inteligência artificial proporciona-nos oportunidades sem precedentes para resolver o mistério da comunicação animal. Através das poderosas capacidades de reconhecimento de padrões da IA, os investigadores podem analisar os vários sons produzidos pelos animais para obter informações sobre a sua estrutura social, métodos de comunicação e capacidades cognitivas. Do “dialeto” das baleias ao “nome” dos elefantes africanos, a IA está nos ajudando a ouvir a “linguagem” silenciosa dos animais e a descobrir mais segredos surpreendentes na natureza.
Na natureza, os animais comunicam-se através de uma variedade de sons, desde os assobios dos golfinhos até aos roncos dos elefantes e aos trinados do canto dos pássaros, cada um dos quais contém padrões e estruturas específicas. Essas sutis diferenças sonoras são difíceis de serem identificadas pelos humanos, mas as capacidades de reconhecimento de padrões da inteligência artificial (IA) oferecem novas possibilidades para decodificar esses “chamados da natureza”.
Shane Gero, biólogo de baleias da Universidade Carleton, no Canadá, passou 20 anos estudando como as baleias se comunicam. Ele descobriu que baleias da mesma família emitem sons específicos, e cachalotes de regiões diferentes têm até seus próprios “dialetos”. Esses sons, especialmente cliques chamados codas, são a forma como as baleias permanecem conectadas a outras baleias na superfície. Com a ajuda da IA, os investigadores conseguem analisar mais rapidamente o ritmo e a velocidade destes sons, revelando a base para a complexa informação partilhada entre as baleias.
O ecologista comportamental Mickey Pardo descobriu através da IA que os elefantes africanos selvagens têm os seus próprios “nomes”. Os elefantes usam ruídos baixos para se comunicar, e o modelo de IA aprendeu as características acústicas dessas “chamadas” e previu os destinatários. Este estudo não só revela como os elefantes respondem a chamados específicos, mas também mostra as informações individuais contidas nos chamados dos elefantes, como sexo, idade e condição fisiológica.
A IA também tem sido usada para descobrir os “nomes reais” de outros animais, como saguis e elefantes marinhos. Esses estudos não apenas previram nomes de animais, mas também tentaram decodificar outros “vocabulários”, como termos de localização. Essas descobertas são críticas para a compreensão das estruturas sociais e dos padrões de comunicação nos animais.
Olivier Pietquin, diretor de pesquisa de IA do Earth Species Project, está usando IA para decodificar a comunicação entre espécies animais, especificamente corvos. Eles criaram uma rede neural chamada Voxaboxen e a aplicaram para estudar a comunicação entre as populações de corvos carniceiros no norte da Espanha. Esses corvos usam a comunicação vocal para coordenar a tarefa de cuidar de seus filhotes.
Embora a IA tenha feito progressos na decodificação da linguagem animal, ainda é cedo para criar uma “versão animal do Google Translate”. Não existe uma definição geralmente aceite sobre se os animais são capazes de comunicar para além de um nível básico, isto é, com ou sem linguagem. O objetivo dos pesquisadores não é apenas conversar com animais selvagens e de estimação, mas obter uma compreensão mais profunda de suas mentes e de como eles veem a si mesmos e ao mundo.
Através da tecnologia de IA, os cientistas podem obter uma compreensão mais profunda dos padrões de comunicação animal, o que não só ajudará a proteger as espécies ameaçadas, mas também poderá revelar novos níveis de inteligência e consciência animal. À medida que a tecnologia avança, poderemos estar mais perto de compreender as línguas dos animais e, assim, ter mais condições de coexistir com eles.
Site oficial: https://www.nature.com/immersive/d41586-024-04050-5/index.html
A inteligência artificial está a revolucionar a forma como entendemos os animais. No futuro, com a ajuda da tecnologia de IA, poderemos ser capazes de compreender verdadeiramente a “linguagem” dos animais, estabelecer uma relação mais harmoniosa com eles e dar maiores contributos para a protecção da biodiversidade. e promover a coexistência harmoniosa entre o homem e a natureza. Grande contribuição.